quarta-feira, 20 de abril de 2011

1º Encontro de Bilíngües e Amigos Surdos de Mato Grosso de Sul

Data: 16 de Abril - Sábado - Manhã
08h – Apresentação Cultural do Coral – SEMED

8h30m – Palestrante Rita de Cassia Maestri (PR) com o tema: A importância da Lingua Materna para o Desenvolvimento Cognitivo do Surdo. Psicóloga, Especialista em Educação Especial e Tutora do Curso de Letras/Libras (UFPR).  



 RITA DE CÁSSIA MAESTRI - Linguista em Letras/LIBRAS - Especialista em Educação Especial - Tutora de Letras/LIBRAS da UFPR 
A mesma é Surda, filha de pais ouvintes. Parabeniza a APM/CEADA pela iniciativa do evento e informa que outras ações como essa vem sendo realizadas com apoio da FENEIS e MEC.
Com a palestra importância da língua materna no desenvolvimento cognitivo do surdo. Sinalizou sobre os avanços da comunidade surda que se organizam em associações, instituições, federação nacional de educação e integração dos surdos (Feneis), e com a oficialização da Libras, conforme consta na lei federal 10.436(24/04/2002) tem expandindo cursos á distancia de letras libras na UFSC com muitos professores surdos formados esse ano; universidades abrindo disciplina de letras libras respeitando o decreto 5.626/2005 , que busca garantir a inclusão social, , contados pela internet, msn , orkut , facebook , deram chances para que o surdo  com a subjetividade assumir a sua postura com a identidade , cultura , alteridade, aceitando a sim mesmo como surdo e participando na política das lutas pela diferença. Expondo a importância do 1º Encontro de Familiares e Amigos Bilíngues      de Surdos  de Mato Grosso do Sul que é o exemplo que movimenta todos os familiares, amigos dos surdos    valorizando sua língua , identidade e cultura.
Faz também uma retrospectiva histórica sobre a cultura e aquisição de linguagem do sujeito surdo. Enfatiza sobre a aquisição da Libras, como uma língua natural do surdo. 

10hMesa de Surdos:

  • Elaine Aparecida de Oliveira da Silva com o tema: Aquisição de Linguagem: Padronização da Família Bilíngüe. Acadêmica do curso de Licenciatura em Letras/Libras (UFSC – Pólo UFGD).  Coordenadora  Pedagógica do Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento as Pessoas com Surdez – CAS/SED/MS.  Filha de pais surdos, família surda. Seu marido é surdo, filho de família ouvinte. Teve três filhas e todas são ouvintes. Explica que o nascimento da 1ª filha foi um choque, pois esperava que a mesma fosse surda. No principio acreditou que deveria elaborar mecanismos de comunicação, mas depois percebeu que o auxilio da sogra, que é ouvinte, a fala da sua filha não ficaria comprometida, pois era a grande preocupação dos familiares ouvintes. Atualmente suas filhas transitam nos dois mundos: surdos e ouvintes, fazendo uso da língua sinalizada e oralizada. Umas sinalizam mais e outras menos, mas toda educação familiar, foi permeada pela língua de sinais, passamos por conflitos e alegrias como toda família. “Somos iguais, como qualquer família que educa seus filhos”.

 
  • Geizebel de Oliveira da Silva com o tema: Comunicação: desencontros dialógicos. Acadêmica de Pedagogia e Instrutora de Libras – CEADA. Surda e filha de pais ouvintes. A sua mãe descobriu aos 6 meses que tinha uma filha surda. Era moradora da área rural. Foi levada ao médico que diagnosticou a surdez como uma doença que seria curada por remédios. Tomou medicamentos, porém não houve nenhum resultado positivo para sua saúde. A mãe por conta própria suspendeu a medicação e mudou para a cidade. No centro urbano sua mãe encontrou o CEADA, onde matriculou a  filha na educação infantil e freqüentou até a 5º ano. Atualmente trabalha nessa instituição como instrutora de libras na educação infantil e como instrutora de libras para cursistas de libras promovidos pela APM/CEADA.

  • Shirley Vilhalva com o tema: Ser Surdo: Sinalizante e falante. Mestre em Linguística (UFSC). Técnica pedagógica – Projeto Índio Surdo do CAS/MS. Diretora Administrativa da FENEIS, coordenadora SAE do curso de Letras/Libras – UFSC e conselheira do CONADE. É surda  sinalizante da Língua de Sinais, com familiares surdos e ouvintes.  Nasceu com surdez severa e profunda. Explica que ser surda falante e sinalizadora implica em viver em dois mundos (ouvintes e surdos) e nem sempre ser compreendida por seus interlocutores, sejam eles ouvintes ou surdos. No inicio houve uma crise de identidade, por achar que deveria escolher a qual mundo pertencer, teve que se firmar  com apoio de terapia psicológica a aceitação como surda e depois percebeu que era necessário entender as identidades nos dois mundos, já que sempre transitou por eles, mesmo de forma intranquila  e incompreendida em muitas vezes onde ganhou o apelido de “falsa-surda”. Expõe que a aquisição de conceitos se dá serenamente  através da língua de sinais, por ser uma língua espaço visual. Acredita que o apoio da família na aquisição de uma língua é de suma importância. E que os direitos dos surdos, sejam eles parciais ou não devem ser assegurados e respeitados por toda a sociedade.

  • Glaysson Rhenner Rocha (Naviraí/MS) com o tema: A importância do bilinguismo no âmbito familiar. Pós Graduado e em Docência em Libras e Educação Especial. Graduado em Ciências Contábeis. Assistente Administrativo Escolar da Secretaria Municipal de Naviraí. Professor de Libras na Faculdade Integrada de Naviraí – FINAV e acadêmico do curso de Pedagogia. Filhos de pais ouvintes e de 12 irmãos, destes apenas dois são surdos. Atribui o surgimento da surdez pela consangüinidade de seus pais que são primos. A comunicação entre seus pais sempre foi através de gestos, nunca aprenderam a língua de sinais. Foi estudar na APAE, porque a escola comum não o aceitou. Como o tempo foi para sala de recurso, e teve uma professora que utilizava o método oralista. Conheceu a língua de sinais aos 18 anos e fez dela seu meio de comunicação. Cursou a primeira faculdade sem intérprete e teve algumas dificuldades comunicativas para compreender conceitos. Uma de suas irmãs aprendeu libras há dois anos. A comunicação no seio familiar ainda hoje é realizada através da oralidade.
  
  • Adriano de Oliveira Gianotto com o tema: Quebrando o Limite Lingüístico Familiar.  Acadêmico de Licenciatura em Pedagogia e Técnico da Divisão de Educação Especial da Secretaria de Educação Municipal – SEMED. É surdo, filho de pais ouvintes e tem um tio surdo na família. Ratifica a importância da família na estrutura do sujeito, seja ele surdo ou não. No caso de familiares com filhos surdos o apoio deve ser maior, pois é mais complexo, por envolver a aquisição de outra língua por um dos seus membros. Evitar a super proteção, pois se cria o filho para o mundo. Não adianta colocá-lo numa redoma, com certeza ele terá que conviver com pessoas e situações diferentes ao longo de suas vidas. De uma forma geral a educação de surdos não se dá de maneira tranqüila, não fazem aquisição da língua como os ouvintes e quando se deparam com a língua que os fará compreender o mundo é sempre tardiamente. Fora isso ele pertence a uma cultura que é totalmente visual. O surdo é um guerreiro por natureza, e enfrenta todos os obstáculos que surgem em sua vida e nunca desiste de lutar por seus direitos.

12h - Encerramento

Dia 16 de Abril - Sábado - Tarde
13h – Apresentação Cultural – Ministério do Silencio
13h15m - Palestrante Aline Lemos Pizzio (SC) com o tema: A importância da Família no Processo de Aquisiçao da Linguagem pelo Surdo: a questão do bilinguismo. Doutora e Mestre em Linguistica, Graduada em Letras e Fonoaudiologia, professora na UFSC. Ouvinte, usuária de libras, mãe de surdo. Explana sobre a importância da Libras na aquisição de linguagem da pessoa surda. As descobertas, indagações e toda mediação com ouvinte e surdo, dá-se através da língua de sinais. As escolas inclusivas precisam perceber que a libras é a primeira língua do surdo e a língua portuguesa é uma segunda língua, existe a necessidade de se fazer adaptações curriculares e metodológicas para que todas as informações cheguem ao surdo. Precisa-se ensinar a língua portuguesa com estratégias diferenciadas, com foco no ensino de língua estrangeira, pois como já dito, o surdo é um estrangeiro no mundo de ouvintes. Por isso os surdos têm dificuldades em aprender a língua portuguesa, pois ainda hoje o ensino se dá de maneira equivocada, já que o surdo estuda na escola de ouvintes, como metodologias para o ensino de ouvintes. A família tem papel fundamental no desenvolvimento do surdo, ao fazer o acompanhamento na escola, tendo contato direto com os professores e coordenadores do aluno surdo.
15h30m - palestrante Dirceu Mauricio Van Lonkhuijzen com o tema: Libras: cultura e lazer no Museu das Culturas Dom Bosco. Graduado com Bacharelado e Licenciatura em Geografia, Técnico em Museologia. Coordenador dos programas educativos do Museu das Culturas Dom Bosco. Agradece Shirley Vilhalva pela iniciativa de sinalizar sobre os conteúdos existentes no museu. Esse trabalho é realizado com a equipe do CAS/MS composta por instrutores e intérpretes de libras. Faz-se primeiro um estudo sobre conceitos, como por exemplo, o termo Arqueologia. Num segundo momento junto com a Equipe do CAS define-se o sinal para o termo. Esse projeto vai estender-se aos objetos arqueológicos do museu.

 
 17h - Encerramento
 
 

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